quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Valor da Base Material e Vital bem estabelecida para a Manifestação Espiritual

Aquilo que a Natureza desenvolveu para nós e estabeleceu firmemente é a vida no corpo. Ela efetuou certa combinação e harmonia dos dois elementos inferiores, mas mais fundamentalmente necessários, de nossa ação e progresso sobre a Terra – a Matéria, que, apesar dos muito etereamente espiritualizados poderem desprezá-la, é nosso alicerce e a primeira condição para todas as nossas energias e realizações, e a Energia-Vida que é nosso meio de existência em um corpo material e a base nele de nossas atividades mentais e espirituais. Ela alcançou de forma bem-sucedida certa estabilidade de seu movimento material constante que é ao mesmo tempo suficientemente estável e durável e suficientemente maleável e mutável para proporcionar uma moradia e instrumento aptos para a progressiva manifestação de deus na humanidade. É o significado da fábula no Aitareya Upanishad que nos diz que os deuses rejeitavam as formas animais sucessivamente oferecidas a eles pelo Divino Ser e apenas quando o homem foi produzido, eles gritaram, “Este de fato é perfeito,” e consentiram em entrar nele. Ela também efetuou um compromisso de trabalho entre a inércia da matéria e a Vida ativa que vive nela e a sustenta, através da qual não só a existência vital é mantida, mas os desenvolvimentos mais completos da mentalidade são possibilitados. O equilíbrio constitui o estado básico da Natureza no homem e é denominado na linguagem do Yoga seu corpo grosseiro composto do invólucro de alimento ou material e o sistema nervoso ou veículo vital[1].


[1] Annakoṣa e prānakoṣa

Fonte: A Síntese do Yoga, Introdução - As Condições da Síntese; Capítulo II - Os Três Passos da Natureza

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como Sri Aurobindo chegou ao Yoga Integral

"Nós reconhecemos então, nos desenvolvimentos antigos do Yoga, uma tendência especializada e separada que, como tudo na Natureza, teve sua utilidade justificada e mesmo imperativa e nós buscamos uma síntese de objetivos e métodos especializados que deve, como conseqüência, vir a ser. Mas para que possamos ser sabiamente guiados em nosso esforço, devemos conhecer primeiro, o princípio geral e o propósito por detrás deste impulso separativo e, a seguir, as utilidades particulares sobre as quais o método de cada escola do Yoga está fundamentado. Com relação aos princípios gerais devemos interrogar os trabalhos universais da Natureza em si, reconhecendo nela não apenas a atividade meramente especial ou ilusiva de uma Maya que distorce, mas a energia cósmica e o trabalho do próprio Deus em Seu ser universal sendo formulado e inspirado por uma Sabedoria vasta, infinita e mesmo minuciosamente seletiva, prajñã prasrtã purãni do Gita, Sabedoria originada do Eterno desde o início. Com relação às utilidades particulares devemos lançar um olhar penetrante sobre os diferentes métodos do Yoga e distinguir dentre a massa de seus detalhes a idéia governante à qual eles servem e a força radical que dá nascimento e energia a seus processos e efetuação. Em seguida, poderemos mais facilmente encontrar o princípio comum e o poder único comum a partir do qual todos derivam seu ser e suas tendências, em direção à qual tudo se move subconscientemente e na qual, entretanto, é possível para todos se unificarem conscientemente."

Fonte: A Síntese do Yoga, Introdução - As Condições da Síntese; Capítulo II - Os Três Passos da Natureza

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Objetivo do Yoga

"Nenhuma síntese do Yoga pode ser satisfatória  que não reúna, em seu objetivo, Deus e Natureza numa vida humana aperfeiçoada e liberada, ou em seu método, não apenas permita mas favoreça a harmonia de nossas atividades internas e externas, e experiências na consumação divina de ambas. Pois o homem é precisamente aquele termo e símbolo de uma Existência superior que desceu num mundo material no qual é possível para o inferior se transfigurar e colocar-se na natureza do superior e o superior revelar-se em formas do inferior. ..
O verdadeiro e completo objeto e utilidade do Yoga pode ser alcançado apenas quando o Yoga consciente no homem tornar-se, como o Yoga subconsciente na Natureza, externamente contíguo com a vida em si e podermos mais uma vez, olhando tanto para o caminho quanto para a realização, dizer num sentido mais perfeito e luminoso: “A Vida Toda é Yoga”."

Fonte: A Síntese do Yoga, Introdução, capítulo I - a Vida e o Yoga

O que é Yoga, segundo Sri Aurobindo

"Na visão correta, tanto da vida quanto do Yoga, toda vida é consciente ou subconscientemente um Yoga. Queremos dizer por este termo um esforço metodizado em direção à autoperfeição por expressão das potencialidades latentes no ser e uma união do indivíduo humano com a Existência universal e transcendente que nós vemos expressos parcialmente no homem e no Cosmos. Mas toda vida, quando nós olhamos atrás de suas aparências, é um vasto Yoga da Natureza tentando realizar sua perfeição numa expressão cada vez mais crescente de suas potencialidades e unir-se à sua própria realidade divina. No homem, seu pensador, ela pela primeira vez sobre esta Terra elabora meios autoconscientes e arranjos intencionais de atividade através dos quais este grande propósito pode ser mais rápido e pungentemente alcançado. Yoga, como Swami Vivekananda dizia, pode ser considerado como um meio de compressão da evolução do indivíduo numa única vida ou em alguns anos ou até mesmo em alguns meses de uma existência corpórea.  Um dado sistema de Yoga, então, não pode ser mais que uma seleção ou compressão, numa forma mais estreita porém mais intensa e energética, dos métodos gerais que já são usados dispersamente, amplamente, em um movimento descompromissado, com um desperdício aparente e profuso de matéria e energia mas com uma combinação mais completa [realizada] pela grande Mãe em seu vasto trabalho de ascensão. É apenas essa visão do Yoga que pode formar a base de uma síntese sólida e racional dos métodos Yóguicos.  Só então o Yoga cessa em aparentar algo místico e anormal que não tem relação com os processos ordinários da Energia-Mundo ou com o propósito que ela tem como objetivo em seus dois grandes movimentos de autopreenchimento subjetivo e objetivo; revela-se então como um intenso e excepcional uso de poderes que ela (a Natureza) já manifestou ou está progressivamente organizando em suas operações menos exaltadas, porém mais gerais."

Fonte: A Síntese do Yoga, Introdução, capítulo I - a Vida e o Yoga

A SÍNTESE DO YOGA, o livro

A SÍNTESE DO YOGA

Este livro é uma das obras magnas de Sri Aurobindo, em que ele descreve em detalhes os Fundamentos do Yoga proposto por ele. O que é o Yoga Integral, Seus motivos, Sua origem, Seu método, e Sua Proposta de forma clara e ampla.
Na minha opinião, deveria ser o livro de cabeceira de todos aqueles que se propõem a conhecer e praticar o Yoga Integral.

A Introdução, que possui 5 capítulos, já foi integralmente traduzida e publicada, em 1975, pela Casa Sri Aurobindo, que na época era sediada na Bahia, com o nome "a vida toda é Yoga".
(a CASA, que agora se encontra em Belo Horizonte, nos disponibilizou alguns exemplares para venda)

A Parte I, O YOGA DOS DIVINOS TRABALHOS, possui 13 capítulos, nos quais estamos imersos no momento.

A Parte II trata dO YOGA DO CONHECIMENTO INTEGRAL, com 28 capítulos

A Parte III, O YOGA DO DIVINO AMOR, possui 8 capítulos

A Parte IV, O YOGA DA AUTO-PERFEIÇÃO, possui 25 capítulos.

Cada capítulo é um mergulho no tema, de forma profunda, ampla e ao mesmo tempo sintética e poética. Compartilhamos com vocês alguns trechos que mais marcaram nossos estudos, sempre com a intenção de trazer inspiração e conduzir em algum momento o leitor aos textos originais.

Boa Prática!

Mohanna Shakti.